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Estudo compara mapas de florestas nos biomas Amazônia e Cerrado obtidos por diferentes sensores

Ter à disposição dados confiáveis e, assim, reduzir erros relacionados ao monitoramento de desmatamentos e de mudanças de uso da paisagem, por exemplo, levou as agências espaciais da Alemanha e do Japão a produzirem dados globais de cobertura de floresta/não-floresta (FNF) baseados em imagens de satélite de radar de abertura sintética (SAR). Com o intuito de saber se esses dois mapas produzidos a partir de informações de diferentes sensores imageadores eram similares, pesquisadores da Embrapa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e os próprios especialistas das agências espaciais da Alemanha e do Japão compararam estatisticamente esses dois mapas. 

Os resultados dessa análise foram publicados no artigo “Comparative Analysis of the Global Forest/Non-Forest Maps Derived from SAR and Optical Sensors. Case Studies from Brazilian Amazon and Cerrado Biomes”. Os locais selecionados para análise foram a Amazônia e o Cerrado, os dois maiores biomas brasileiros. A análise consistiu na comparação entre os dados derivados dos satélites TanDEM-X, do Centro Aeroespacial da Alemanha (DLR), e ALOS-2, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa) com os mapas de cobertura florestal produzidos pelo projeto multi-institucional brasileiro, o MapBiomas, a partir de sensores ópticos. 

De acordo com o estudo comparativo, 90% do bioma Amazônia e 80% do Cerrado receberam a mesma denominação, floresta ou não-floresta. Em outras palavras, houve divergência de 10% para Amazônia e de 20% para Cerrado, isto é, uma determinada área foi classificada como floresta por um sensor e como não-floresta por outro sensor e vice-versa. Segundo os especialistas, as diferenças estão relacionadas às distintas configurações de sensores, a diferentes abordagens metodológicas e a diferentes definições de floresta. 

As estimativas da cobertura florestal presentes no bioma Amazônia pelo MapBiomas, TanDEM-X e ALOS-2 foram de 81%, 75% e 82%, respectivamente (em 2015). A diferença entre os produtos SAR na estimativa de floresta foi de 297.401 km². “Foi uma surpresa a diferença significativa na estimativa da cobertura de floresta oriunda dos dados SAR no bioma Amazônia. Entendemos que esta variação é explicada pelas diferenças nos modos de imageamento dos dois sensores de radar, no comprimento de onda utilizado por cada sensor e na definição de floresta adotada pelas duas agências espaciais”, relata Edson Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados. 

No bioma Cerrado, as estimativas da cobertura florestal obtidas pelo projeto MapBiomas, TanDEM-X e ALOS-2 foram de 22%, 16% e 18% da área total do bioma, respectivamente (ano de 2015). “A própria característica do bioma dificulta a discriminação da formação florestal em um ambiente heterogêneo composto por gramíneas, arbustos e árvores”, explica o analista da Embrapa Meio Ambiente Gustavo Bayma.

“Deve ser considerado também neste bioma o efeito da sazonalidade climática na resposta espectral das diferentes fitofisionomias do bioma e a influência do sinal de fundo de resposta do solo nos dados SAR, em função da distribuição de árvores e arbustos no bioma”, acrescenta o pesquisador do Inpe Marcos Adami.

A fim de minimizar essas divergências e, dessa forma, para que se produzam mapeamentos cada vez mais fidedignos, os especialistas recomendam que os sistemas automatizados de detecção de cobertura florestal e não-florestal sejam treinados por meio de seleção de áreas amostrais que representem as especificidades de cada bioma. “Recomendamos também o uso de dados de séries temporais e de multissensores SAR para produzir mapas de FNF, pois assim serão levados em consideração os efeitos da sazonalidade e umidade na classificação da imagem”, acrescentou Bayma. Nesse contexto, pode ser citado o satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia (ESA), lançado em abril de 2014, e cujas imagens podem ser adquiridas de forma gratuita.

O lançamento do satélite ALOS-4/PALSAR-3, com melhorias em termos de frequência de observação (a cada duas semanas) aumentará significativamente a disponibilidade de dados. Outro exemplo de satélite de radar, com lançamento previsto para 2022, é o NASA-ISRO Synthetic Aperture Radar (NISAR), com período de revisita de 12 dias. Por fim, o TanDEM-L do DLR, previsto para ser lançado em 2022, irá permitir medições da estrutura tridimensional de vegetação, otimizando a discriminação de áreas florestadas e não-florestadas com base na altura do dossel.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa

Fotos: Reprodução

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