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Entrevista com o superintendênte regional da Agricultura no AM, Guilherme Pessoa

“Temos cada vez mais orgulho do trabalhador do campo, porque é do campo que sai o alimento e a riqueza do Brasil”

A atividade primaria no Amazonas, tem uma vocação muito grande para se desenvolver, precisa só que as condições sejam dadas, disse Pessoa 

O superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Guilherme Pessoa

“Temos um êxodo muito grande no campo e para que os jovens não desistam tem que ser dadas as condições, para que eles satisfaçam a suas necessidades. É obrigação nossa, de outra forma vamos ter grandes problemas, não vamos ter quem produza os alimentos”, disse o superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)  Guilherme Pessoa.

Em entrevista exclusiva com Agroflorestamazonia.com, falou o seguinte:

1-Qual é sua mensagem para os trabalhadores do campo?

Temos cada vez mais orgulho do trabalhador do campo, porque é do campo de onde sai o alimento que nos faz sobreviver e também a riqueza do Brasil.

A pandemia pelo coronavirus trará enormes dificuldades econômicas a diversos setores da economia, mas o  agronegócio não parou e estamos com record de safra. Mais uma vez o agronegócio vai segurar a economia do Brasil. Isso demonstra a necessidade de fortalecer cada vez mais o setor primário e valorizar o produtor rural. O produtor rural precisa ser mais reconhecido pela sociedade.

Cada vez mais fica clara a vocação do país para a produção de alimento para 1.4 bilhão de pessoas. Isso é a principal fonte de riqueza do Brasil.

È pelos produtores rurais do amazonas que estamos aqui e que nos trabalhamos . Temos muitas coisas para melhorar e facilitar a vida deles, mas estamos no meio do processo.

2-De modo geral,  como diria que está a agricultura no Amazonas?

-O carro chefe da economia do Amazonas é o polo industrial, isso de uma certa forma, sempre freou um pouco o investimento público no setor primário, em infraestrutura,  rodovia, equipamento de produção. Enfim, em logística para o setor.  

O Setor primário nunca recebeu o devido reconhecimento e tratamento por parte dos poderes públicos em suas diversas esferas, mas agora está sendo diferente. Se percebe um olhar mais atento. Ao comparar a agricultura do Amazonas com a de outros estados, constata-se que ainda há muito o que crescer. 

Todavia, nos últimos anos conquistamos vitórias importantes e relevantes, que podem ajudar a impulsionar a atividade no Estado. O avanço da questão sanitária, principalmente com relação ao rebanho bovino é um importante marco.

A contratação e fortalecimento dos órgãos de Defesa Agropecuária e de Assistência Técnica, também assumem enorme conquista, porque será levado ao produtor rural um serviço mais consistente, que certamente ajudará na qualidade e quantidade de nossa produção.

Para que o crescimento, no entanto seja continuado e sustentado, é necessário investimento em infraestrutura, logística, telecomunicações e introdução de tecnologias para aumento da produtividade, sanidade dos rebanhos e lavouras, pós-colheita dos produtos.

Além disso, destacaria também a necessidade de maior marketing do produto regional, para que ele possa competir com maior igualdade aos produtos de outros estados.

Por conta da ausência de infraestrutura necessária, da falta de logística para escoamento, falta de energia elétrica, dentre outros, a agricultura tem muitas dificuldades no Amazonas. O agricultor amazonense tem que ser valorizado ainda mais, por conta de todos os problemas que enfrenta. Ele se esforça mais que os de outros estados.

superintendente regional do MAPA Guilherme Pessoa, secretário da Sepror Petrucio Magalhães, Merched Cjaar presidente da OCB-AM, Wilson Lima governador do Amazonas.

Acho que atividade primaria no Amazonas, tem uma vocação muito grande para se desenvolver, precisa só que as condições sejam alinhadas. Aqui temos clima favorável, temos chuva bem distribuída, não temos geadas, nem secas prolongadas, temos bastante sol. 

Nosso produtor sabe trabalhar, e estamos geograficamente, muito mais próximos de grandes mercados consumidores como América do  Norte, que outras regiões do Brasil. Então a gente não pode perder a oportunidade de se desenvolver.

Temos também o apelo da floresta amazônica. Não podemos permitir que a floresta nos seja um empecilho, um motivo de fechamento de mercados. Ao contrário. Temos diversos produtos da biodiversidade, que se bem trabalhados em toda a sua cadeia, poderia promover enorme renda e qualidade de vida para o produtor. Citamos o exemplo do potencial que é a cadeia do pirarucu e de inúmeros outros produtos da floresta, como essências, óleos, a própria madeira, e etc .

Para as atuais famílias, deve ser atrativo continuar trabalhando no campo. Temos um êxodo muito grande, e para que os jovens não desistam tem que ser dadas as condições, para que eles satisfaçam a suas necessidades. É obrigação nossa, de outra forma vamos ter grandes problemas, não vamos ter quem produza os alimentos.

Neste país já foi comprovado a vocação para o agronegócio. Precisamos investir e diversificar nossa economia, mas não vamos largar isso que já é a nossa vocação e é o que a gente sabe fazer melhor.

3-Quais seriam os principais desafios para melhorar a vida do produtor rural do Amazonas?

Primeiramente a logística, eles tem muita dificuldade para levar os alimentos para Manaus, o transporte é caro. A falta de logística, também gera dificuldade para trazer insumos agrícolas a preços razoáveis. O que se traz é caro, e isso prejudica ao produtor e ao cidadão.

Também temos o fator ambiental, que muitas vezes tem sido motivo de entrave à economia. Nós somos defensores do desenvolvimento sustentado e entendemos que há total compatibilidade entre a responsabilidade ambiental e a produção agropecuária, Inclusive existem várias tecnologias já conhecidas que trabalham exatamente esta vertente, como a Agricultura de Baixo Carbono, Agricultura Orgânica, etc.

 Esses entraves ambientais muitas vezes refletem o pensamento internacional de santuarismo da Amazônia, sem no entanto se apresentar alternativa palpável e prática para que o homem do interior tenha uma vida digna.

O Amazonas não tem zoneamento econômico, ecológico e de risco climático, sem isso o agricultor não pode ter seguro rural . A gente tem que arcar com risco sem a devida cobertura como os outros estados tem, é um problema estrutural.

Outro ponto importante é a assistência técnica. O Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Floresta) precisa ser fortalecido pelo Governo do Estado, porque é o principal órgão de difusão dessas tecnologias que destacamos aqui, até o campo.

Neste ano, o governo do estado convocou os aprovados do concurso do IDAM e certamente essa ação refletirá em melhorias para o campo no nosso estado.

Outra grande dificuldade para o desenvolvimento do setor é a questão fundiária. Temos pouquíssimas propriedades com documentação no Amazonas. Isso incorre em insegurança jurídica, em pouco acesso a crédito bancário, dentre outros problemas. Temos visto muito esforço por parte dos órgãos responsáveis, mas não há dúvidas que esse tema precisa ser fortalecido em todo o Estado.

Texto Dulce Maria Rodriguez

Fotos: Divulgação

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