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Embrapa incentiva comunidades a promoverem serviços ambientais

A Embrapa Amazônia Ocidental promoveu de 29 a 31 de março, na comunidade Jatuarana, região do Lago do Puraquequara, em Manaus, AM, o II Workshop de Serviços Ambientais. Com o tema “Perspectivas e Desafios para o Desenvolvimento Sustentável e Bem-Estar das comunidades de agricultores familiares no Amazonas”, o evento reuniu representantes de oito comunidades do entorno de Manaus aonde a Embrapa tem projeto de transferência de tecnologia que visa contribuir para a segurança alimentar.

Segundo o coordenador do evento, pesquisador Lindomar Silva, o encontro apresentou experiências governamentais e iniciativas sociais, gerando informações para apoiar e subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas, pesquisas e projetos que gerem bem-estar e desenvolvimento das comunidades rurais da Amazônia.

No primeiro dia houve a abertura do evento e recepção dos representantes das comunidades de São Francisco do Mainã, Jatuarana,  Acajatuba/RDS Rio Negro, Ramal do Paulista, Aldeia Tururucari-Uka, Aldeia do Gavião, Cooptarumã e do Comitê da Bacia do Tarumã-Açu.

No segundo dia houve a abertura oficial do evento com a presença do chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Rabelo, que deu as boas vindas e visitou os plantios de guaraná, açaí e banana da comunidade Jatuarana que contam com tecnologias da Embrapa.

Nesse dia, houve o relato dos participantes, seguido da roda de conversa sobre os serviços ambientais para o desenvolvimento das comunidades, com a pesquisadora Rachel Prado, da Embrapa Solos (RJ), e do economista e ex-deputado federal José Ricardo. 

Prado apresentou a importância do conceito de serviços ambientais como algo que pode trazer oportunidades para as comunidades ribeirinhas do Amazonas. “Os serviços ambientais conectam ciência, política, provedores dos serviços que são os produtores rurais e esse mecanismo compensa aqueles produtores que estão fazendo o manejo correto da terra, mantendo a floresta de pé e, portanto, quem se beneficia dos serviços paga para que eles possam manter esses serviços”.

Esse mecanismo, segundo ela, é realidade em todo o Brasil, devido a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, que está em processo de regulamentação nos estados e já tem alguns casos no Amazonas, como o bolsa verde, que é um programa do Ministério do Meio Ambiente, que visa ajudar as famílias em situação de extrema pobreza as incentivando a práticas de proteção à natureza.“Então são mecanismos de compensação e que agregam diferentes setores da sociedade em prol dessa sustentabilidade cujos principais pilares são a agricultura e o meio ambiente”, comentou.

Ainda neste dia houve a exposição das instituições públicas que apresentaram informações sobre o Cadastro Ambiental Rural, Acordos de pesca, Sistemas agroflorestais, Crédito de carbono, e serviços ambientais da Meliponicultura na produção de alimentos.

No último dia houve as palestras “Novas realidades e desafios ao espaço rural”, com Gilmar Meneghetti e “Drone: Olhando os recursos da comunidade”, feita por Gilvan Coimbra, ambos pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental.  O evento foi finalizado com a roda de conversa “Estratégias coletivas para as comunidades”, quando os participantes assumiram compromissos para serem levados para suas comunidades e cujos resultados deverão ser relatados no III Workshop de Serviços Ambientais que acontecerá em março de 2024, na Aldeia Aldeia Tururucari-Uka.

Segundo Gilmar Meneghetti, o evento serviu para se fazer uma reflexão sobre as novas realidades e desafios do espaço rural. Nos três dias do evento, foi feita uma série de abordagens, entre as quais a questão de atividades complementares à agricultura que afetam o desenvolvimento local. “Foi percebido que as comunidades têm uma preocupação com a sustentabilidade das ações que elas fazem, no sentido de haver continuidade quando as instituições públicas, como a Embrapa, Ufam e Cáritas concluírem seus projetos”.

Na conclusão dos trabalhos, os representantes de comunidades se reuniram em grupos e elaboraram compromissos a serem realizados ao longo do ano. As comunidades de São Francisco de Mainã e Jatuarana tiveram como compromisso coletivo delas, a mobilização das 22 comunidades ribeirinhas para articular a implementação do ensino médio na redondeza e promover a discussão para um acordo de pesca no lago do Jatuarana.

As comunidades indígenas de Manacapuru se propuseram a discutir o crédito de carbono e introduzir na escola formal a disciplina sobre meliponia. A Associação Rural Boa Esperança, as comunidades Frederico Veiga e Novo Paraíso, se propuseram a promover a articulação para a regularização fundiária das áreas situadas nas margens das estradas vicinais ZF1, ZF4 e ZF5. E também na Associação Rural Boa Esperança, eles assumiram como compromisso da comunidade o plantio de quatro hectares de mandioca e instalação de uma casa de farinha.

Na comunidade Frederico Veiga, além da regularização das terras, eles assumiram o compromisso do plantio de feijão. A Comunidade Gavião, além da regularização fundiária, também firmaram o compromisso de introduzir o plantio de mamão para o consumo e geração de renda.

A Embrapa assumiu o compromisso de procurar introduzir na merenda escolar produtos extrativos das comunidades ribeirinhas. Ficou definido que o III Workshop será realizado em março de 2023, na comunidade de Tururucari-Uka.

O workshop foi  promovido pela Embrapa Amazônia Ocidental em parceria com a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com patrocínio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

*Embrapa Amazônia Ocidental

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