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É hora de aproveitar as oportunidades com produtos ambientalmente corretos

O pecuarista precisa ser inovador e trabalhar com excelência técnica pois a concorrência é global, e quem souber comunicar melhor seus resultados e progressos ao mercado mundial será beneficiado, destaca Beduschi da NWF no Brasil

Os mercados nacionais e internacionais valorizam cada vez mais a origem do sistema produtivo dos alimentos que consome. É uma espécie de salvo conduto do alimento. E mais, nos mostra que a tendência no médio e longo prazo é que produtos socialmente e ambientalmente corretos tenham sua preferência potencializada em diferentes mercados do planeta.

Na avaliação da Revista Agroanalysis do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) os produtores que querem prosperar nesse novo ambiente de negócios, as palavras de ordem parecem ser inovação e transparência.

Os alimentos estão no centro da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e isso traz pressão geopolítica sobre a questão do desmatamento.

Ao mesmo tempo, com Biden na Casa Branca os Estados Unidos voltam a apoiar o combate às mudanças climáticas, fortalecendo as pressões mundiais e abrindo um novo cenário no mercado, que traz imensa oportunidade para a carne brasileira.

Os sistemas sustentáveis são protagonistas

O mundo está em busca de sistemas sustentáveis para produção alimentos e o Brasil já sabe fazer isso muito bem na pecuária: aumentar a produtividade e ao mesmo tempo preservar a floresta. É a ciência viabilizando a produção sustentável de carne, com melhor uso das pastagens existentes e recuperação de áreas degradadas.

Pecuária consciente

O pecuarista do seu tempo, com olho no futuro, produz com sustentabilidade e lucratividade. É com essa visão que a National Wildlife Federation (NWF) trabalha para abrir um novo capítulo na pecuária, impulsionando práticas mais responsáveis e resultados mais sustentáveis para os negócios, as pessoas, a natureza e o planeta.

“Muitos pecuaristas já perceberam que a gestão dos recursos naturais e o respeito às normas ambientais são na verdade parte de uma estratégia competitiva na qual fatores econômicos, sociais e ambientais estão em equilíbrio dentro do conceito de sustentabilidade, o que permite melhorar lucratividade dos negócios”. Quem faz esta análise é Francisco Beduschi, executivo da NWF no Brasil, uma das organizações conservacionistas mais antigas do mundo.

Por outro lado, se o desmatamento tropical global fosse um país, seria hoje o terceiro maior emissor de GEE, depois da China e Estados Unidos. “Amazônia e Cerrado são ativos naturais dos mais importantes e estão sendo desmatados a troco de muito pouco, para ocupar com uma agropecuária  de baixa produtividade e nenhuma sustentabilidade”, diz Beduschi. 

“O pecuarista precisa ser inovador e trabalhar com excelência técnica pois a concorrência é global, com todas as carnes, e quem souber comunicar melhor seus resultados e progressos ao mercado mundial será beneficiado”, destaca.

Francisco Beduschi, executivo da NWF no Brasil

US$20 bilhões para conservação de florestas

Segundo Beduschi além do retorno para o Acordo de Paris, existe uma proposta de um aporte de US$20 bilhões para apoiar ações voltadas à conservação de florestas. Essa mudança pode beneficiar a pecuária brasileira que vem trabalhando fortemente para seus resultados nos quesitos socioambientais.

Para citar apenas dois exemplos: no Pará produtores e frigoríficos se uniram e estão desenvolvendo uma plataforma online para ajudar àqueles que desejam regularizar pendências socioambientais; e no Mato Grosso, a Liga do Araguaia, um movimento de produtores rurais, promove a adoção de práticas sustentáveis na pecuária.

De acordo com o executivo da NWF no Brasil, esses e outros bons exemplos reforçam o movimento do setor para dar transparência aos resultados. “Precisamos comunicar nosso progresso e mostrar onde e como o boi está sendo criado. Com isso, poderemos ter acesso a mais recursos e a novos mercados”.

Ele lembra ainda que a lei da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, publicada no dia 14 de janeiro ajudará a beneficiar os produtores. “Ela será essencial para o dinheiro chegar às mãos dos produtores. Assim, temos os meios – a floresta em pé, a produção com qualidade; e as ferramentas institucionais para vender mais e ainda trazer mais recursos para o Brasil”.

Contudo, Beduschi ressalta a importância do cumprimento de algumas obrigações, como por exemplo, finalizar a implementação do Código Florestal.

Oferta e demanda na pecuária

Além do fator socioambiental, o executivo da NWF no Brasil também avalia dois outros fatores relevantes na pecuária: oferta e demanda. No primeiro item, as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento são positivas, com um aumento até 2030 de 16% na produção. A seu ver, esse crescimento se dará, principalmente, pelo aumento da produtividade, como a redução de idade e aumento do peso de abate.

Em termos de demanda, o Ministério aponta um consumo doméstico com uma alta de apenas 10% neste período. Beduschi analisa a relevância de expandir internacionalmente a atuação do país para manter equilibrados os dois lados da balança.

“A China se manterá como um forte comprador da carne bovina brasileira na primeira metade dessa década, mas com declínio gradual de demanda na segunda metade, ao reverter a situação causada pela peste suína africana em 2019”, pondera.

“Portanto, num cenário de vendas concentradas e retomada da produção de bens substitutos no mesmo mercado, será necessário diversificar os compradores para seguir expandindo”, finaliza.

Produção econômica e preservação ambiental

A NWF trabalha ao lado de lideranças empresariais, grandes investidores, grandes marcas e comunidade acadêmica, para desenvolver soluções que harmonizem produção econômica e preservação ambiental. 

Para a pecuária, fomenta tecnologias que afastem a necessidade do desmatamento, lidera o desenvolvimento de ferramentas para melhorar a rastreabilidade dentro das cadeias de fornecimento, além de promover capacitação gerencial na cadeia produtiva.

São 85 anos de trabalho sendo, mais de 30 em atividades internacionais, com vasto portfólio de projetos e iniciativas na América do Sul, Europa, África e Sudeste Asiático. 

No Brasil, a NWF foca na Amazônia Legal e no Cerrado, onde promove práticas mais sustentáveis de manejo pecuário e produção agrícola, visando reduzir o desmatamento.

Por Dulce Maria Rodriguez

Fonte: Revista Agroanalysis da FGV EESP e NWF

Fotos: Divulgação

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