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Crianças indígenas Munduruku são acompanhadas por neuropediatras do Ministério da Saúde

O mês de novembro marca duas ações importantes realizadas pelo Governo Federal para os indígenas da Terra Munduruku, no Pará. Dias antes de deflagrar o processo de retirada de garimpeiros ilegais do território, o que aconteceu em 9 de novembro, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), promoveu uma serie de atendimentos com neuropediatras a crianças Munduruku com atraso no neuropsicodesenvolvimento, condição agravada pela exposição ao mercúrio – um elemento químico usado em garimpos clandestinos que é altamente neurotóxico e perigoso para o meio ambiente. Os atendimentos aos 28 pacientes foram realizados entre os dias 2 e 4 desse mês.

A ação contou com uma equipe multidisciplinar de médicos e pesquisadores, incluindo profissionais da Universidade de Harvard, e teve também como parceiros a Fiocruz e a Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o consultor técnico da Sesai, Lucas Albertoni, foram realizados atendimentos a crianças com doenças neurológicas e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Ele explicou que além dos diagnósticos clínicos, foram feitos exames com o intuito de identificar a origem das condições neurológicas adversas identificadas nessas crianças.

De acordo com a equipe técnica responsável, foram realizadas 34 coletas de mucosa oral para exames de exoma — melhor tecnologia atualmente disponível em termos de exame genético de alta complexidade para identificar alterações no DNA —, 53 amostras de mucosa oral para identificação de polimorfismos (variações) genéticos e 55 coletas de amostras de cabelo, tanto das crianças quanto de seus pais para detecção de níveis de mercúrio acumulado no organismo. “Os exames de exoma são fundamentais para compreendermos melhor as doenças raras e neurológicas que afetam essas crianças, que vivem em áreas isoladas e têm pouco acesso a tratamentos especializados”, explicou Albertoni.

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Foto: Dsei Rio Tapajós

Os kits para a análise genômica foram cedidos pela organização IHope e as análises serão realizadas integralmente no Brasil, no laboratório Mendelics Análise Genômica, que fica em São Paulo.

Com fechamento do diagnóstico genético, haverá como indicar um melhor planejamento familiar e aprimorar o acompanhamento das crianças, que deverão seguir acompanhadas permanentemente pelas equipes da Sesai.

As próximas etapas incluem novas consultas com neuropediatras, além de exames de imagem e avaliações neurológicas de rotina através da central de regulação do estado do Pará, – em uma articulação especial com a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA) para atender as crianças Munduruku.

Sobre a Terra Indígena Munduruku

Demarcada em 2004, a Terra Indígena Munduruku é uma das áreas mais impactadas pelo garimpo ilegal no Brasil, sofrendo com o desmatamento, a contaminação dos rios por mercúrio e a destruição ambiental, comprometendo a saúde e a segurança das comunidades indígenas. O objetivo da operação de desintrusão coordenada pelo Governo Federal no âmbito da determinação judicial do STF (ADPF 709) na Terra Indígena é retirar invasores que praticam a extração ilegal de ouro, dentre outros crimes, garantindo a preservação do território usufruto exclusivo para os mais de nove mil indígenas do povo Munduruku.

*Ministério da Saúde

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