O CEO da BioNTech, Ugur Sahin, imigrante turco é um homem 100% dedicado à ciência, não gosta de falar sobre negócios. Desenvolveu uma amizade com Albert Bourla, o chefe executivo grego da Pfizer, por causa de suas experiências em comum como cientistas e imigrantes. Ganhou a confiança de Bourla e a parceria que envolve o que deve ser a maior descoberta da medicina no século 21
Em tempos de recrudescimento dos movimentos anti-imigração pelo mundo, a ciência dá uma lição sobre a importância da integração global.
Ugur Sahim, um menino de 4 anos nascido em Iskenderun, uma cidade perto da fronteira com a Síria, sai do interior da Turquia para a Alemanha com seu pai, um operário que vai trabalhar numa fábrica da Ford na cidade de Colônia. Cresce, torna-se o primeiro filho de imigrantes turcos a graduar-se em sua escola. Anos depois, obtém um doutorado, em 1993, por seu estudo sobre imunoterapia em células tumorais.
Casa-se com Özlem Türeci, uma médica, filha de um cirurgião nascido em Istambul e imigrante turco. O casal de imigrantes turcos, Ugur e Özlem, foram responsáveis por liderar o programa que lançou ao mundo a primeira vacina contra o coronavírus em parceria com a Pfizer.
O casal teve acesso à educação de primeira linha desde a infância, o que permitiu que compartilhassem com o mundo toda sua genialidade. Seu trabalho, dedicação e uma economia saudável e funcional permitiu sua ascensão social e seu triunfo em uma das maiores batalhas da humanidade.
O tratamento do cancêr sua prioridade
Cedo na carreira o casal se deparou com a aversão das grandes empresas farmacêuticas incumbentes ao risco e à inovação de sua pesquisa, que prometia revolucionar o tratamento do câncer.
Em busca de seus sonhos eles saíram do ambiente acadêmico para empreender em 2001 em seu próprio laboratório. Os dois fundam, então, a Ganymed Pharmaceuticals com objetivo de transformar uma pesquisa acadêmica numa terapia eficaz contra o câncer com base em anticorpos monoclonais, pois a indústria farmacêutica considerava sua pesquisa “ousada demais”.
Em 2016, a Ganymed Pharmaceuticals foi adquirida pela Astellas Pharma por cerca de US$ 1,4 bilhão, tornando-se o maior negócio de biotecnologia na Alemanha. Com isso, o casal passou a se dedicar à BioNTech, cujo foco inicial era o tratamento de câncer.
Pfizer e a BioNTech parceria entre cientistas imigrantes
Em 2018, o laboratório fechou a primeira parceria com a Pfizer para atuar com o tratamento de imunização para outro tipo de doença, a gripe. A relação criada entre Pfizer e BioNTech nos últimos anos aproximou os CEOs das empresas. Sahin, que é turco, desenvolveu uma amizade com Albert Bourla, o chefe executivo grego da Pfizer. Segundo o Business Insider, a dupla disse que se uniu por causa de suas experiências em comum como cientistas e imigrantes.
Bourla disse ao NYT que Sahin é um homem de confiança, 100% dedicado à ciência e que não gosta de falar sobre negócios. Tanto que até agora Pfizer e a BioNTech não finalizaram os detalhes financeiros de seu acordo de parceria que envolve o que deve ser a maior descoberta da medicina no século 21.
Sahin diz que, entre sua empresa e a Pfizer, o que existe é um termo de compromisso e não um contrato final. “A confiança e o relacionamento pessoal são muito importantes nesses negócios, porque tudo está acontecendo muito rápido”, disse o CEO do laboratório ao jornal americano.
A vacina
Em janeiro 2020, a doutora Özlem Türeci e seu marido, Ugur Sahin fazem um pivot histórico e trabalham dia e noite por 11 meses para desenvolver e aprovar uma vacina contra a covid-19 em tempo recorde; a marca anterior era de mais de 4 anos. Ele é CEO e ela diretora da BioNTech, empresa especializada no desenvolvimento de tratamentos imunizantes.
Antes da vacina contra o coronavírus, porém, as empresas do casal Sahin e Türeci nunca haviam trazido um único produto ao mercado. Agora, a BioNTech é responsável por apresentar a possível solução para uma doença que já matou mais de 2,5 milhão de pessoas em todo o mundo.
Com isso, a empresa, que tem 1.800 funcionários e escritórios em Berlim e outras cidades alemãs, além de Cambridge e Massachusetts, saltou de um valor de mercado de US$ 3,4 bilhões no ano passado para US$ 25 bilhões.
A vacina também catapultou a fortuna de Türeci e Sahin. O casal se tornou bilionário em junho 2020, quando as ações da BioNTech dispararam por causa do anúncio da parceria com a Pfizer. A aprovação da vacina pelo Reino Unido, fez com que Sahin entrasse para o ranking das 500 pessoas mais ricas do mundo com patrimônio líquido de US$ 5,2 bilhões.
Por Dulce Maria Rodriguez
Fonte: CNN Brasil e Brazil Journal
Fotos: Divulgação