Rússia e China não são potências suficientemente fortes para enfrentar o poderio bélico dos Estados Unidos da América (EUA), mas russos e chineses tem interesses comuns em fustigar Whashington e tentam quebrar a hegemonia americana na economia global e na ocupação geopolítica de aliados mundiais.
O Brasil está na esfera de interesses dos chineses, que tem o mais forte comércio bilateral, especialmente na compra dos produtos do agronegócio brasileiro, como a força de pressão à Brasília.
O presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, mesmo com algumas restrições ao estilo e à política externa do democrata presidente americano, Joe Biden, se mantém firme na aliança estratégica com o Tio Sam, o que não se pode dizer em relação a Pequim e Moscou.
Mesmo porque, o Exército, seguido da Força Aérea e da Marinha, também não comungam com as intenções belicistas dos chineses e russos. Dito desta forma, fica claro que a visita do estadista brasileiro à Moscou se dá no plano da alta diplomacia e dos interesses mútuos no plano comercial e empresarial.Esta é a questão central da visita à Rússia neste momento.
Mas, por prudência e sabedoria estratégica de geopolítica, é importante conhecer o cenário na Ucrânia, onde Rússia e OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) dos aliados,tem visões e opiniões diferentes,sobre a presença de Kiev como membro efetivo da OTAN.
A Rússia cercou a Ucrânia e com mais de 130 mil militares em suas fronteiras mostra as garras e não está disposta e permitir que os ucranianos se atirem aos braços dos aliados ocidentais.
Convém ter cautela neste complexo e dramático momento, porque às ogivas dos misseis nucleares transcontinentais de Moscou pesam na balança da ‘nova guerra fria’, agora, mais quente do que nunca, na pós queda do muro de Berlim.
Tensão
Informações da Casa Branca indicam que o governo russo definiu que a invasão da Ucrânia ocorrerá na próxima quarta-feira (16). A notícia foi divulgada pelo jornal americano The New York Times neste sábado (12).
Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladmir Putin, vão conversar por telefone neste sábado para tentar evitar possível confronto entre russos e ucranianos.
O telefonema estava marcado para segunda-feira (14), mas Biden pediu que o diálogo fosse antecipado.
Uma conversa entre Putin e o presidente da França, Emmanuel Macron, também está prevista.
A Rússia começou a reduzir sua presença diplomática na Ucrânia. Como justificativa, o país alegou ter receio de “provocações” por parte das autoridades de Kiev, capital e centro do poder ucraniano, ou de um “terceiro país”.
“Temendo as possíveis provocações do regime de Kiev, ou de terceiros países, decidimos, de fato, uma certa otimização do pessoal das representações russas na Ucrânia”, disse a porta-voz da diplomacia russa em comunicado divulgado neste sábado, respondendo a jornalistas sobre a redução de sua presença no país vizinho.
Esse é o momento mais tenso da disputa entre os dois países. O imbróglio teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente não aceite a adesão da Ucrânia ao Otan.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
*Antônio Ximenes