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Comunidade Caramuri, a força do abacaxi de Manaus

Por sua localização privilegiada em virtude de uma terra bastante fértil e pela disponibilidade de água em abundância, a comunidade situada na região do baixo Rio Preto sempre foi propensa à agricultura de base familiar

A comunidade de São Francisco do Caramuri está situada na região do Baixo Rio Preto, área rural do município de Manaus. A região é composta por 30 Comunidades circunvizinhas que compõe a divisa dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara as quais apresentam áreas com uma notável complexidade socioambiental e potencialidade agrícola.

Por sua localização privilegiada em virtude de uma terra bastante fértil e pela disponibilidade de água em abundância, a comunidade de Caramuri sempre foi propensa à agricultura de base familiar. Seus moradores sempre tiveram naturalmente esse talento. Por outro lado, a necessidade econômica, fez com que se buscasse sair dessa zona de conforto para finalmente ir em busca de uma atividade que gerasse emprego e renda.

São Francisco foi o nome escolhido providencialmente pelas primeiras famílias como Padroeiro da Comunidade. Dentre muitas comunidades homônimas, esta queria desde o princípio se destacar e principalmente, honrar o nome do Santo de devoção e padroeiro da ecologia. Em 04 de outubro de 1994 foi fundada a Associação Comunitária Agrícola São Francisco do Caramuri – ACASFC início do associativismo na localidade.

Dificuldades à parte, o fato é que desenvolver uma região unindo a necessidade à sustentabilidade não é, e nunca será uma tarefa fácil. Por isso a comunidade foi muito além do aspecto territorial, há 24 anos fundou a ACASFC para defender todas as causas necessárias a tornar a vida das famílias mais aprazíveis.

E apesar do significativo tempo de existência, a Associação é um exemplo vivo das dificuldades encontradas pelos grupos de famílias rurais existentes pelo Brasil, as quais em sua maioria ainda sonha em colocar efetivamente em prática seu papel social. Até hoje a ACASFC corre atrás de parceiros para dar continuidade a missão de inclusão social por meio da aplicação de políticas públicas, especialmente na área da agricultura familiar autossustentável, e ganha fôlego todas as vezes que concretiza uma etapa.

O trabalho que a ACASFC operacionaliza junto às famílias para emancipação econômica através da agricultura familiar é sério e dinâmico, até hoje busca organizar os grupos de trabalho de acordo com o perfil de cada associado, respeitando os conhecimentos natos e buscando com isso otimizar a área produtiva e as atividades financeiras, de modo que todos estejam satisfeitos com seu papel no crescimento econômico da comunidade, criando cidadãos conscientes da importância do agricultor familiar e do cultivo de alimentos saudáveis para consumo da população em geral sobre a ótica da segurança alimentar.

 Desde 2010 o Projeto Comunidade Sustentável conta com o apoio dos órgãos técnicos e assessoria direta para conseguir alcançar uma posição confortável nos rankings de produção. O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas – IDAM está diretamente ligado à assistência técnica do produtor de São Francisco do Caramuri, promovendo nesse tempo cursos de capacitação e qualificação na área do Setor Primário, fomentando sementes, emitindo carteira do produtor rural, DAP – Declaração de Aptidão ao PRONAF, além de ser o articulador no processo de concessão do Crédito Rural, Pró-mecanização, Pró-calcário e facilitador na emissão do CAR – Cadastro Ambiental Rural.

Como indicador da importância da ATER para o agricultor familiar da região do Baixo Rio Preto está o selo de certificação do abacaxi, o produto principal da região. Tudo em parceria com o SEBRAE e demais parceiros do Setor Primário, bem como a participação no Grupo de Trabalho Interinstitucional de Atenção Integral à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos da Fundação de Vigilância em Saúde – FVS com foco na saúde do trabalhador rural. A partir da parceria firmada com o SEBRAE, a Associação ampliou o acesso às capacitações e qualificações para os moradores de Caramuri por meio de cursos práticos e teóricos com o intuito de fortalecer o trabalho rural por meio do conhecimento.

Não se trata apenas de plantar, o objetivo é tornar o trabalho e a vida do comunitário satisfatória a tal ponto que o mesmo não veja a necessidade de mudar com sua família para a zona urbana contribuindo dessa forma com o êxodo rural.

Por isso as parcerias que foram formadas pelo caminho foram tão importantes para a concretização desse ideal. O convênio Nº. 33/2013 com a Secretaria de Estado da Produção Rural – SEPROR é um exemplo, realizou melhorias para o Ramal do Caramuri e assim proporcionou o direito constitucional de ir e vir do cidadão.

O papel da Eletrobrás – Amazonas Energia que trouxe a eletrificação rural por meio do Programa Luz Para Todos. Por conta do programa a comunidade foi a primeira comunidade beneficiada com uma antena para conexão com a rede mundial de computadores pela Empresa Nova Soluções, bem como participou do documentário internacional FREENET patrocinado pela FORD Internacional referente o acesso à comunicação por meio da web em seis pais: Brasil, Uruguai, Estados Unidos, Índia, Quênia e China.

Em 2014, a comunidade participou do processo de escolha do nome da bola da copa do mundo realizada no Brasil, o projeto idealizado pelo empresário Beto Mafra colocou a comunidade no ranking da visibilidade nacional.

Após, o resultado da aprovação do nome Brazuca para bola da copa, um Empresa paulista denominada Ecoball confeccionou a bola da Amazônia chamada Caramuri, um produto ecologicamente correto com matéria prima do leite da seringueira, que ganhou o mercado nacional com vendas limitadas em todas as lojas Hiper Esporte.

A primeira bola produzida em São Paulo foi destinada à comunidade que recebeu com honras e apoio do Governo do Estado e parceiros do setor privado em uma cerimônia realizada com a Polícia Militar na Arena da Amazônia no mesmo ano da copa no Brasil.

E com o desenvolvimento do associativismo em Caramuri o perfil empreendedor dos agricultores foi se moldando. Hoje, as principais atividades econômicas desempenhadas pela população local e que garantem a renda familiar são a pesca artesanal, o artesanato, o turismo rural e principalmente a agricultura, especialmente na produção de abacaxi, cupuaçu e maracujá; principais produtos que garantiram o espaço das comunidades nos programas de comercialização da produção.

Anualmente nas safras a produção de abacaxi chega a ser estimada em 600 mil frutos, totalizando uma produção de 700 toneladas/ano, sendo que 60% destes frutos são entregues para o Programa de Regionalização da Merenda Escolar – PREME e 40% são comercializados na Feira da Manaus Moderna e Redes de Supermercados da Capital. 

O cupuaçu também merece destaque pelas suas 04 toneladas entregues semanalmente a um frigorífico da cidade de Manaus, bem como a produção de farinha que alcança aproximadamente 0,5 tonelada/ano.

Texto: DANIEL LEANDRO DA SILVA / PRESIDENTE DA ACASFC

Fotos: Reprodução

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