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Cientistas identificam diferenças entre palmeiras nativas da Amazônia

Na trilha da domesticação da bacabi e da bacabinha, palmeiras típicas da Amazônia, muito semelhantes entre si e com frutos consumidos da mesma forma que o açaí, uma pesquisa da Embrapa vem suprir a lacuna de dados essenciais à produção e melhoramento genético de ambas, úteis ao mercado de polpa de fruta, sucos, óleo e outros usos.

Num universo de poucas publicações sobre detalhes taxonômicos que possam identificar e diferenciar uma da outra em bancos de germoplasma, o recém-lançado boletim de pesquisa “Características Morfométricas de Oenocarpus Mart., do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental” (clique no título para acesso direto ao conteúdo) passa a ser referência em momentos de decisão sobre o melhor aproveitamento socioeconômico tanto da bacabinha (Oenocarpus mapora H. Karsten) como da bacabi (Oenocarpus minor Martius).

 

“A obra torna-se importante para o setor produtivo e social, pois auxilia na identificação de campo dessas espécies, difíceis de se diferenciar. Os tamanhos das infrutescências e número de frutos, por exemplo, é maior na bacabinha, o que significa maior produtividade na indústria de sucos”, explica a bióloga Silvane Tavares Rodrigues, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e autora da publicação.

 

A bacabi e a bacabinha também são fontes de palmito, vinho e óleo, já a bacabi apresenta também potencial na ornamentação e no paisagismo urbano. Ambas as espécies são usadas no artesanato e na produção de biojóias.

Popularização da ciência

A taxonomia (identificação das espécies) também ganhou com o estudo. A pesquisadora Silvane Rodrigues ressalta que o trabalho publicado contribui para a popularização da Ciência, pois sintetiza a história taxonômica das duas espécies, facilita a diferenciação entre elas e esclarece sobre as ferramentas de identificação taxonômica, em campo, da bacabi e bacabinha, já que alguns autores as consideram da mesma espécie.

O gênero botânico de palmeiras Oenocarpus, o das conhecidas bacabas, pertencente à família Arecaceae, vem sendo estudados com maior ênfase a partir dos anos 1990 por cientistas da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), que têm acesso direto às plantas no campo, mantidas para pesquisa na área do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da instituição.

Foi assim com este estudo que, indiretamente, contribuiu com o processo de domesticação das espécies, pois todas as plantas analisadas pertencem ao banco de germoplasma e têm origem conhecida – condição essencial também para pesquisas de melhoramento genético. O material botânico para o estudo foi registrado no Herbário IAN da Embrapa Amazônia Oriental.

A equipe da pesquisa avaliou, de 2016 a 2020, as características morfométricas (forma e dimensão) de 23 palmeiras do BAG, oriundas do Acre (municípios de Cruzeiro do Sul e Rio Branco), Amazonas (Itacoatiara e Parintins) e Pará (Abaetetuba, Ananindeua, Santo Antônio do Tauá e Terra Santa).

 

Agregação de valor

A pesquisadora Maria do Socorro Padilha de Oliveira, curadora do BAG de Bacaba da Embrapa, ressalta que um dos desafios relacionados à cadeia produtiva é minimizar os efeitos do extrativismo predatório das palmeiras, pelo qual espécies são expostas ao risco de erosão genética (perda da diversidade genética).

Agregar valor na comercialização dos produtos no mercado, como o da polpa in natura, é outro desafio. “Daí a necessidade de um maior conhecimento científico que possa contribuir para um manejo mais racional e para o melhoramento da produção de frutos”, complementa Socorro Padilha. A pesquisadora é autora de várias obras técnico-científicas anteriores sobre o gênero Oenocarpus, a mais recente sobre bacaba-de-leque (Oenocarpus distichus Mart.), cujo conteúdo pode ser acessado no Portal Embrapa diretamente aqui.

 

 

*Embrapa Amazônia Oriental

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