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Brasil receberá a primeira indicação de procedência de vinhos tropicais

O país entrará para a história mundial do vinho com o reconhecimento da primeira IP de vinhos tropicais do planeta. Entenda o que significa e qual a diferença para os vinhos da serra gaúcha

Brasil está prestes a entrar para a história mundial do vinho, com o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais do planeta. A aprovação do título, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, deve ser destinada ao Vale do Rio São Francisco, região produtora de vinhos desde a década 50. 

A futura IP localiza-se no eixo Petrolina-Juazeiro, entre a Bahia Pernambuco.

O QUE SÃO OS VINHOS TROPICAIS? 

A Roberta Boscato, engenheira agrônoma e sommelière da Boscato Vinhos Finos, vinícola que faz parte da IP Altos Montes da serra gaúcha, trouxe as características de cada uma das indicações de procedência.

IP Vale do São Francisco – Vinhos Tropicais

O alto índice de insolação do Vale São Francisco produz uvas com elevado nível de açúcar, resultando em vinhos bastante frutados.

 
  • O TERROIR
    O clima é seco e quente. É comum nas regiões semiáridas a irregularidade das chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de deficiência hídrica. O solo arenoso, apresenta grandes depósitos de sedimentos rochosos. A água para irrigação é proveniente do Rio São Francisco.
  • A SAFRA
    Por não existir frio, como no Rio Grande do Sul, cada planta gera de duas a duas e meia safras por ano, em ciclos de 120 a 190 dias. Essa vantagem produtiva fez com que a região fosse reconhecida pela produção de uva em qualquer época do ano, regulada principalmente pela prática da irrigação e da programação e manejo das podas.
  • AS VARIEDADES DAS UVAS
    A syrah é a principal uva cultivada para a elaboração de vinhos finos no Vale do São Francisco, sendo responsável por 65% da produção. Mas também são cultivadas variedades vitis viníferas como tempranillo, cabernet sauvignon, touriga nacional, alicante bouschet, petit verdot, grenache, sauvignon blanc, chenin blanc, moscato canelli, verdejo e viognier.

IP Altos Montes – Vinhos da serra gaúcha

As características próprias do terroir gaúcho entregam vinhos tipicidade, coloração rica e bouquet intenso.

  • O TERROIR
    O microclima do Vale do Rio das Antas, na serra gaúcha, apresenta estações bem definidas: invernos rigorosos e verões quentes. O terroir também é composto por solos rochosos de origem basáltica, ricos em micronutrientes naturais. As chuvas são regulares e sua maior ocorrência ocorre no inverno. Sendo necessária a irrigação em algumas regiões da IP, que sofrem com a estiagem no verão.
  • A SAFRA
    Temos uma produção de uva por ano, apenas no verão, como na maioria das regiões vitivinícolas mundiais. A produção de uvas é limitada, pois os vinhedos são cultivados em espaldeira. Existe um limite de produtividade e padrões de maturação das uvas para aumentar a qualidade dos produtos, conforme determina a IP.
  •  AS VARIEDADES DAS UVAS
    As variedades de vitis viníferas produzidas são cabernet franc, merlot, ancellotta, cabernet sauvignon, pinot noir, refosco, marselan, tannat, riesling itálico, chardonnay, sauvignon blanc, gewurztraminer, trebbiano, moscatos e malvasias.

Completamente distintos

Segundo a sommelière da Boscato Vinhos Fino, Altos Montes e Vale do São Francisco, são dois terroirs em espaços muito distantes, continentais, eu diria. Com clima, solos, topografia e relevo completamente distintos. Tem história, origem, e um modo de produzir a uva e o vinho diferente e típico de cada local – explica Roberta.

Além das características geográficas, a cultura também é um ponto relevante de ser considerado. De acordo com a sommerlière, as culturas do imigrante italiano e do nordestino são completamente diferentes e têm interações no ambiente físico e biológico com práticas vitivinícolas, que conferem características distintivas aos produtos de cada região.

 – Na minha opinião, não tem como comparar e, sim, conhecer. São vinhos de regiões completamente distintas. Cada garrafa de vinho, IP Altos Montes e IP Vale do São Francisco, deve ser degustada com discernimento – finaliza.

Benefícios do vinho para saúde

1 – Protege o Coração

Pesquisadores apontam que o consumo moderado de vinho tinto, duas taças ao dia, pode reduzir em até 20% o risco de doenças cardíacas. Essa conclusão é reconhecida por importantes instituições médicas, como a Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial, a American Heart Association e a European Society of Cardiology

Isso porque, o vinho tinto é rico em polifenóis, substâncias presentes na casca da uva, que aumentam os níveis de colesterol bom, o HDL, e diminui os níveis de colesterol ruim, o LDL.

Além disso, os polifenóis também inibem a formação de placas de gordura no sangue e de trombos, responsáveis por infartos e AVCs (Acidente Vascular Cerebral).

Outros benefícios do consumo moderado de vinho tinto para a saúde do coração incluem a diminuição da pressão arterial, a redução da inflamação e da oxidação de lipídios, e o aumento da capacidade dilatação dos vasos sanguíneos.

2 – Previne o Diabetes

Alguns estudos apontam que o consumo moderado de vinho pode ajudar a prevenir o diabetes. Substâncias presentes no vinho tinto, como os polifenóis, apresentam uma ação benéfica sobre o açúcar no sangue, aumentando a insulina e reduzindo a glicose.

Uma pesquisa da Ben Gurion University of the Negev, em Israel, revelou que o álcool presente tanto no vinho tinto, quanto no vinho branco, auxilia na redução do controle da glicose.

Entretanto, isso depende da capacidade de metabolização do álcool de cada indivíduo, que varia de acordo com o perfil genético.

3 – Previne a Depressão e o Alzheimer

O vinho também pode ser um aliado no combate a depressão! É o que aponta um estudo publicado na BMC Medicine.  O estudo, realizado com mais de cinco mil homens e mulheres, revelou que aqueles que consumiam quantidades moderadas de vinho, principalmente o tinto, apresentaram uma menor incidência de depressão, quando comparados a pessoas que não ingeriam bebidas alcoólicas regularmente. 

Esse fato pode ser explicado pelas substâncias presentes no vinho, que promovem a produção de neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a endorfina.

Esses são os mesmos hormônios liberados pelo corpo durante a prática de atividades físicas, sendo responsáveis pelas sensações de prazer e relaxamento.

Uma série de estudos, realizados na última década, apontam que o consumo regular de vinho tinto diminui as chances de deterioração da memória, Alzheimer e demência.

Isso deve-se à ação antioxidante e anti-inflamatória das substâncias presentes no vinho tinto, que agem contra os radicais livres e podem diminuir a progressão de doenças neurológicas degenerativas, como o Alzheimer. 

4 – Faz Bem para a Pele

Outra boa notícia: o vinho faz bem para a pele!  O resveratrol substância presente na pele da uva e no vinho tinto, retarda a ação dos radicais livres, preservando a beleza da pele por muito mais tempo.

Além disso, os polifenóis, outra substância presente no vinho tinto, melhoram a microcirculação e a hidratação da pele.

5 – Aumenta a Longevidade

Quer uma notícia melhor ainda? Beba vinho para ter uma vida longa! Segundo uma pesquisa da Harvard Medical School, o resveratrol, substância presente no vinho tinto, apresenta um efeito antienvelhecimento, estando ligado ao gene SIRT1, que codifica as enzimas e proteínas estruturais em nosso corpo. 

Outro estudo, da University of London, revelou que outro componente presente no vinho, as procianidinas, ajudam a manter a saúde dos vasos sanguíneos.

Esse é um dos fatores que explica a longevidade das populações do sudoeste da França e da Sardenha, na Itália, onde o vinho é consumido de forma regular, acompanhando as refeições.

Com informação do Gauchazh e Divinho

Fotos: Boscato Vinhos Finos / Divulgação

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