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Brasil recebe Indicação Geográficas de vinhos tropicais

Vinhos tranquilos e espumantes produzidos no Brasil, tiveram pedido de reconhecimento da Indicação de Procedência Vale do São Francisco, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), baseada em requisitos equivalentes aos da União Europeia. O trabalho conjunto entre ciência e setor produtivo, permitiu o pioneirismo internacional na estruturação de uma Indicação Geográfica de vinhos tropicais.

A Embrapa Uva e Vinho, no Rio Grande do Sul, em conjunto com a Embrapa Semiárido, em Pernambuco, e parceria com mais 40 pessoas de várias instituições, entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes fizeram o trabalho de caracterização da região. Com o objetivo de entender a vitivinicultura do Semiárido nordestino e aprimorar a qualidade dos vinhos da região. A ação atende uma requisição antiga da produção, que é representado pelo Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), entidade privada que congrega os produtores vitivinícolas da região.

“Essa será a primeira Indicação de Procedência (IG) de vinhos de regiões tropicais do mundo, utilizando o modelo estrutural similar às Indicações Geográficas adotadas por renomados produtores da União Europeia,” comemora o pesquisador da Embrapa Giuliano Pereira, que coordenou o processo. “O Brasil é um destaque no cenário internacional nas pesquisas na viticultura tropical, produção que também ocorre em países como a Tailândia, Índia, Myanmar (antiga Birmânia) e Venezuela. Receber e compartilhar em cada garrafa que ostentará o selo da Indicação Geográfica significa a garantia da origem e da qualidade dos produtos elaborados”, destaca o cientista.

Pereira liderou o time multidisciplinar que teve como missão entender a vitivinicultura do Semiárido nordestino, em especial a estabelecida no Vale do Submédio São Francisco, que envolve com destaque os municípios pernambucanos de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, além de Juazeiro, Casa Nova e Curaça, no lado baiano. Os trabalhos do projeto, desenvolvido entre 2013 e 2018, possibilitaram elaborar o material técnico que embasou o pedido de registro da Indicação de Procedência entregue ao INPI em dezembro.

As ações de pesquisa ocorreram no âmbito do projeto “Desenvolvimento de tecnologias e uso da agricultura de precisão para colaborar com a certificação dos vinhos e com a sustentabilidade do setor vitivinícola do Vale do Submédio São Francisco”, que contou com um aporte superior a um milhão de reais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

As regiões de clima quente ao longo do ano permitem a produção de uvas e vinhos de janeiro a dezembro, com duas podas e duas safras anuais, com possibilidades de colheitas escalonadas ao longo do ano nas diferentes parcelas de vinhedos. Os vinhos tropicais estão conquistando um novo mercado, com características diferenciadas em relação à produção das tradicionais regiões de clima temperado.

Os tipos de produtos autorizados na IP são os vinhos tranquilos brancos, tintos e rosés e vinhos espumantes brancos e rosés (bruts, demi-secs e moscatéis), elaborados com 100 % de uvas produzidas na área geográfica delimitada. Foram autorizadas, para fins de elaboração dos vinhos, 23 cultivares de uvas Vitis vinifera L., indicadas pelos próprios produtores, pela adaptação e desempenho na região.

Em geral os vinhos são frutados, de baixo teor alcoólico, de acidez moderada, podendo ser leves a encorpados, com predominância para vinhos jovens. O carro-chefe da produção são os espumantes, com aproximadamente três milhões de litros por ano, seguidos dos vinhos tranquilos, com produção de cerca 1,5 milhão de litros anuais.

Fonte: Embrapa

Fotos: Pixabay

Beatriz Costa

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