Na semana da Pátria muito me orgulha em falar desse nosso Brasil, um país continental com uma diversidade geográfica e cultural que faz jus ao seu tamanho e com uma população em torno de 211 milhões de pessoas que é um mercado atrativo para qualquer tipo de produto.
Nesse contexto o vinho fino brasileiro, apesar de não ser a bebida mais consumida em nosso país, tem, nos últimos anos, vencido barreiras culturais, tecnológicas e econômicas, quebrou paradigmas referentes a qualidade, nossos espumantes estão entre os melhores do mundo, os brancos e tintos já tem a sua qualidade atestada por especialistas e a cada dia conquistam mais consumidores.
Nas últimas décadas a vitivinicultura* brasileira, outrora centralizada no Rio Grande do Sul na Serra Gaúcha e que ainda mantém a maior produção, encontrou novos rincões pelo Brasil afora, chegando em regiões que até então se julgavam improprias para a elaboração de vinhos de qualidade. Lembrando que o Brasil está praticamente fora da área considerada ideal para o cultivo das uvas Vitis Viníferas*, que seria entre os paralelos 30° e 50° no Hemisfério Norte e 20° e 40° no Hemisfério Sul onde encontramos a predominância do clima temperado.
Vamos falar um pouco dessas regiões e nos próximos artigos iremos abordá-las com maior ênfase.
A Região Sul sempre apresentou as características mais propicias para a vitivinicultura, apesar de sofrer com intempéries climáticas como umidade, índices pluviométricos elevados e geadas, conseguiu encontrar o caminho para o sucesso na elaboração de vinhos de qualidade.
O Rio Grande do Sul possui a maior quantidade de vinícolas sendo o estado celeiro na elaboração de vinhos finos, atualmente podemos encontrar vinícolas nos quatro cantos do estado gaúcho. Santa Catarina tem se destacado com os vinhos do Planalto Catarinense já conhecido como Terroir* de Altitude. No Paraná podemos encontrar vinícolas que tradicionalmente elaboravam vinhos de mesa e que estão investindo nos vinhos finos.
Na região Sudeste, uma nova técnica conhecida como poda invertida ou dupla poda, que propicia mudar o ciclo produtivo da videira, passando a colheita para os meses de inverno que são mais secos, viabilizou a vitivinicultura nos proporcionando o Terroir de Inverno em regiões da Serra da Mantiqueira em São Paulo e Minas Gerais, no Espirito Santo e na Serra Fluminense, isso mesmo, no Rio de Janeiro encontramos vinícolas!
No Centro Oeste no estado de Goiás e DF a poda invertida também encontrou espaço sendo utilizada com sucesso e já temos o Terroir do Cerrado se consolidando com a elaboração de vinhos finos de qualidade.
No Nordeste, na região do Vale do São Francisco, Pernambuco e Bahia, desde de 1960 a viticultura* vem mostrando a ousadia brasileira, com características únicas no mundo e totalmente fora da área considerada ideal para o cultivo das uvas Vitis Viníferas, está localizada entre os paralelos 8° e 9°, conseguiu superar as adversidades e transformou o sertão em parreiral de uvas de qualidade de onde podemos apreciar excelentes vinhos finos.
Esse é o Brasil de vinhos que tanto nos encanta e a cada garrafa apreciada traz gratas surpresas mostrando o quanto ainda temos para descobrir!!! Saúde a todos!!!!
*Vitivinicultura é a atividade econômica que se baseia no cultivo das uvas e no seu potencial na utilização para a fabricação de vinhos.
*Vitis Vinifera, uva tinta ou branca, que produz vinho é capaz de concentrar melhor os ácidos, açucares, sais minerais e demais substâncias importantes na elaboração de bons vinhos. A uva vinífera, em geral, não é adequada como comestível, embora possa ser consumida a qualquer momento depois de madura.
*Terroir é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho, sem que ninguém consiga explicar o porquê.
*Viticultura é a ciência que estuda a produção da uva, que poderá ser destinada para o consumo in natura, para a produção de sumo, para a vinificação ou para a produção de uva passa.
Autor: João Ricardo C. Rodrigues Fotos: Reprodução
