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Alta nos preços dos grãos pode causar prejuízos à avicultura

AVAC alerta que a saca de milho, que custava R$ 35 no início do ano, passou para R$ 60, e a tonelada do farelo de soja, que custava R$ 900, hoje está sendo vendida por R$ 2.300. Este aumento de custos será sentido pelo consumidor

As elevadas e sem precedentes exportações de milho e soja no Brasil e a consequente valorização do preço dos grãos impactam diretamente o setor de produção de proteína animal (carnes e ovos) e podem causar prejuízos à balança comercial brasileira.

O alerta é do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas JR. Ele diz que o momento impõe desafios ao setor e cobra esforços para encontrar alternativas de mercado para evitar uma eventual crise.

A análise do dirigente leva em conta o aquecimento do mercado de grãos no país — base da alimentação de aves, suínos e bovinos —, beneficiado pela disputa comercial entre China e Estados Unidos, que aumentou a venda de produtos brasileiros para os chineses, principais parceiros comerciais.

“Na exportação de soja, por exemplo, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o principal exportador, além de maior produtor mundial.  Neste ano, o país deve bater recorde e superar 80 milhões de toneladas, segundo estimativas do setor”, diz em nota a ACAV.

Ainda de acordo com a associação, o mercado está tão aquecido que as safras brasileiras de soja 2020/2021 e 2021/2022 já estão vendidas no mercado internacional. Da mesma forma, os embarques de milho – o Brasil é o segundo maior exportador global do cereal – devem superar 30 milhões de t no ano, segunda melhor marca do país.

“Se por um lado a valorização dos grãos e a maior fatia do mercado internacional beneficiam o agronegócio brasileiro, por outro, também impactam no aumento de custos de produção de proteína animal e, consequentemente, no preço dos alimentos cárneos”, acrescenta a ACAV.

Grãos é um dos maiores custos na produção de aves e suínos

Conforme a associação, a saca de milho, que custava R$ 35 no início do ano, passou para R$ 60, e a tonelada do farelo de soja, que custava R$ 900, hoje está sendo vendida por R$ 2.300.

“O impacto é grande: o complexo grãos é um dos maiores custos na produção de aves e suínos, pois a alimentação dos planteis representa entre 60% a 70% do custo total. É esta conta que preocupa o setor. A prioridade ao mercado internacional, caso não planejada, pode causar desabastecimento no mercado interno e escassez de produtos”, alerta a ACAV.

“O aumento de custo é real. O momento de crise que a pandemia trouxe também dificulta o repasse de custos nas vendas. Todos estes aspectos nos desafiam. Parte destes cenários é compensado com exportações, mas não podemos deixar de citar que a maior parte das aves e suínos produzidos é para abastecer o mercado interno. Teremos dias desafiadores pela frente, que demandarão esforços conjuntos para evitarmos os cenários mais críticos”, afirma o dirigente da ACAV, ao citar ações importantes para reequilibrar a conta em relação à oferta e à demanda.

Entre elas, cita Ribas, estão a redução de taxas de importação, a participação do setor nos contratos futuros, ampliação de parceiras com países produtores, criação de políticas de abastecimento e armazenamento de cereais, reordenação dos tributos estaduais, investimento em logística que coloque o grão onde está o consumo (nos últimos anos os investimentos logísticos apenas  facilitaram a exportação), além do maior incentivo à produção.

“Há muitas frentes sendo debatidas e trabalhadas pelo setor, que é relevante na geração de valor agregado para o país, de emprego e riquezas aos brasileiros. A elevação de custos pode reduzir a produção e consequentemente os postos de trabalho”, comenta Ribas.

Consumidores

As consequências do aumento dos custos de produção tendem a chegar até a mesa dos consumidores. Segundo o presidente da ACAV, a alta nos preços dos alimentos apenas vai refletir a elevação do valor dos insumos e o maior consumo no país.

“O mercado se autorregula, cedo ou tarde tende ao equilíbrio. O setor não trabalha para onerar o consumidor, muito pelo contrário, grande parte dos investimentos em eficiência, produtividade e qualidade são desfrutados pelos consumidores”, disse.

Ao longo da história estas proteínas se tornaram acessíveis à grande parte das famílias como resultado do trabalho do setor. Mas também é fato que nenhum sistema funciona com déficit. Em algum momento, este aumento de custos será sentido pelo consumidor, sublinha o dirigente da ACAV.

Texto com informação da Assessoria

Fotos: Reprodução

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