Em uma noite de reflexões estratégicas e análise geopolítica, a Associação de Diplomados da Escola Superior de Guerra de Alagoas (ADESG-AL) recebeu, nesta segunda-feira (17), o General de Brigada Roberto Furtado Batista, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, para uma palestra sobre os desafios e cenários da Amazônia Oriental. O evento reuniu militares, acadêmicos e membros da sociedade civil interessados no papel do Brasil no contexto global e na importância da defesa da região amazônica.
O papel estratégico da Amazônia Oriental e sua divisão militar
O General Furtado iniciou sua palestra destacando a divisão da Amazônia em dois comandos militares: o Comando Militar do Norte, sediado em Belém (PA), e o Comando Militar da Amazônia, em Manaus (AM). Essa separação foi uma estratégia adotada pelo Exército Brasileiro para otimizar a gestão logística e operacional em um território vasto e de difícil acesso.
A Amazônia Oriental, sob responsabilidade do Comando Militar do Norte, abrange os estados do Amapá, Maranhão, Pará e Tocantins, representando 20% do território nacional. A região também possui quase 2.000 km de fronteira com Guiana Francesa, Suriname e Guiana, além de uma extensa faixa costeira, o que aumenta a necessidade de uma presença militar robusta para garantir a soberania e segurança do Brasil.
Além dos desafios geográficos, a região demanda infraestrutura militar adequada para fiscalizar a entrada e saída de pessoas e mercadorias, coibir crimes transfronteiriços e manter o controle sobre as riquezas naturais da área. O General destacou que a presença das Forças Armadas é essencial para evitar ameaças externas e atividades ilícitas, reforçando o compromisso do Exército Brasileiro com a proteção do território nacional.
Riquezas naturais, desafios geopolíticos e interesses internacionais
Um dos pontos centrais da palestra foi a abundância de recursos naturais na Amazônia Oriental e como essa riqueza desperta interesses internacionais. O General Furtado destacou que a região possui grandes reservas minerais, incluindo ouro, ferro, nióbio e terras raras, além de uma biodiversidade incomparável, com potencial para pesquisas científicas e desenvolvimento sustentável.
No entanto, a exploração desses recursos enfrenta restrições ambientais e pressões externas. De acordo com o General, a Amazônia Oriental tem 30% de sua área coberta por unidades de conservação e 19% por terras indígenas, limitando a expansão econômica e industrial. Essa situação gera debates sobre a necessidade de encontrar um equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, garantindo que a população local possa usufruir dos benefícios gerados pelos recursos naturais.
O General também mencionou a crescente presença de atores estrangeiros na região, seja por meio de ONGs, empresas multinacionais ou governos estrangeiros, que monitoram a Amazônia sob diferentes pretextos. Ele alertou para o risco de interferências externas na soberania nacional e destacou que o Brasil precisa reforçar sua presença na Amazônia para garantir que suas decisões estratégicas sejam feitas de forma independente e alinhadas aos interesses nacionais.
A atuação do Exército e a modernização da defesa na região
Para enfrentar os desafios da Amazônia Oriental, o Exército Brasileiro tem intensificado suas operações na região, investindo em treinamentos militares, tecnologia e cooperação com forças estrangeiras. O General Furtado citou a Operação Ágata, uma ação conjunta das Forças Armadas com órgãos de segurança pública para combater crimes transfronteiriços, como tráfico de drogas, contrabando e garimpo ilegal.
Além disso, o Brasil mantém parcerias estratégicas com exércitos de outros países, como os Estados Unidos, a França e o Chile, promovendo exercícios conjuntos para aprimorar as capacidades operacionais das tropas. O General destacou a importância do intercâmbio de conhecimento com exércitos de alto nível, garantindo que os militares brasileiros estejam preparados para os desafios da guerra moderna.
Outro ponto abordado foi o impacto das novas tecnologias na defesa. O General mencionou a necessidade de adaptação às novas realidades do combate, como o uso de drones, guerra cibernética e inteligência artificial. A guerra entre Rússia e Ucrânia foi citada como um exemplo de como a modernização dos meios militares é essencial para garantir a defesa de um país.
Por fim, o General Furtado reforçou a necessidade de investimentos contínuos na presença militar na Amazônia, garantindo que o Exército esteja preparado para proteger o território brasileiro diante de qualquer ameaça, seja interna ou externa. Ele ressaltou que a Amazônia Oriental, além de ser uma área rica em recursos, é estratégica para a estabilidade e projeção internacional do Brasil, tornando sua defesa um tema essencial para o futuro do país.
Fonte: Defesa em Foco