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Abacaxi 100% orgânico da agricultura familiar

Cultivo de abacaxis da Asprocarv, no Careiro da Várzea, é referência de respeito às técnicas tradicionais agrícolas, com zero de agroquímicos

Na manhã ensolarada do dia 11 de janeiro de 2020, cruzamos a balsa do Ceasa na direção do Careiro da Várzea. Do outro lado nos esperava o agricultor de produção orgânica Jorge Luiz dos Santos, 54. Ao chegar, rapidamente, ‘seu Jorge’, como é conhecido, me convidou para tomar café regional na sede da Associação dos Produtores Orgânicos Renascer do Careiro da Várzea (Asprocarv).
Depois de uma hora de carro, por uma conservada estrada vicinal municipal, chegamos à Associação de produtores rurais da agricultura familiar, onde fomos recebidos pela família dele e vinte associados, que nos aguardavam para a tão esperada entrevista com a reportagem Revista Floresta Brasil Amazônia.

Depois dos tradicionais cumprimentos, nos foi servido um suco gelado de abacaxi, pupunha, tucumã, banana cozida, café e muito ‘carinho’. “Aqui, estão os jornalistas Maria e William (fotógrafo), vieram conversar com a gente sobre a nossa produção orgânica. Vamos responder o que eles perguntarem e tirar umas fotos pessoal”. Essa foi a mensagem de boas vindas do líder da comunidade, no ramal do Cobra 2, no município.
Fui conhecer a produção de abacaxis orgânicos (ricos em vitaminas C, B1 e A) da Asprocarv, que, na liderança de ‘seu Jorge’, é uma referência de respeito às técnicas tradicionais de produção natural, com zero de agroquímicos. Ele nos conta com emoção, o amor que tem pela produção orgânica: “Além do baixo custo, produzimos alimentos saudáveis, pois o que utilizamos é o esterco de galinha, de gado, embaúba e capim. Nós temos tudo aqui e não compramos adubo nenhum”, diz com uma ‘ponta de orgulho’ pelo seu jeito de plantar e ganhar a vida.

A plantação do ‘seu Jorge’ é de pouco mais de 80 mil pés de abacaxis, cultivados em 47 hectares, o suficiente para ele viver bem com sua família, a esposa Neli Arco dos Santos e os quatro filhos, Jhonatan Arco dos Santos; Elenice Arco dos Santos; Letícia Arco dos Santos e Nirlene Arco dos Santos.

Além de abacaxis, ele planta hortaliças, cupuaçu, macaxeira, banana e açaí. Tudo em pequena escala, mas, devidamente cultivados e manejados, com práticas simples e orgânicas, igualmente, zero de defensivos agrícolas.

Mas não é fácil a vida de agricultor orgânico, porque as plantas crescem mais lentamente; mas, por outro lado, são 100% saudáveis e sem riscos à saúde dos consumidores. Experiente, observador e disciplinado ‘seu Jorge’ conta com ajuda da Prefeitura do Careiro da Várzea para o escoamento dos alimentos e de alguns técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam).

“A mão amiga dos técnicos é sempre bem-vinda, mas, ultimamente, estamos precisando de mais gente aqui, orientando a nossa produção orgânica; mas estamos conseguindo administrar. Até mesmo porque, a gente sabe como levar, mas que a assistência técnica dirigida é de fundamental importância, não tenho dúvida nenhuma”, comentou.

Comercialização

Depois da colheita, vem a delicada missão da venda da produção, uma função nada fácil, para quem como ‘seu Jorge’ e os associados da Asprocarv, não dispõem de capital de giro suficiente, para transportar em maior escala e distribuir os abacaxis, que levam em um pequeno caminhão baú para vender no mercado de Manaus. Seu Jorge, muitas vezes dorme em lugares improvisados nas feiras de orgânicos, e outras promovidas pela Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), para economizar e oferecer as frutas bem cedinho aos consumidores da capital, o principal mercado dos agricultores familiares de produção orgânica integral
“É uma vida dura, mas que a gente sabe levar, porque temos família para criar e sabemos que as pessoas não podem comer frutas com químicos, e sim naturais”, afirma o agricultor.

Consumidor

Assíduo comprador e consumidor dos abacaxis orgânicos da Asprocarv, o engenheiro florestal Malvino Salvador disse que as frutas do Jorge, obedecem ao melhor padrão orgânico exigido e, que, por isso, não abre mão de comprar do Careiro da Várzea. “Além de serem mais saborosos, não oferecem risco à saúde, por terem sido cultivados de maneira natural e com manejo adequado”, salientou

Curiosidade: O que é produção agrícola?

Um produto orgânico é aquele obtido a partir de processos extrativistas sustentáveis, com a preocupação de não prejudicar o meio ambiente, não comprometer os recursos naturais e respeitar as características socioeconômicas da comunidade local.

O modo de produção valoriza as espécies locais da flora e da fauna, cuida da saúde do solo, não permite usar agrotóxicos ou substâncias sintéticas que contaminem o produto ou o meio ambiente e nem cultivar alimentos transgênicos.

“Além do baixo custo, produzimos alimentos saudáveis, pois o que utilizamos é o esterco de galinha, de gado, embaúba e capim. Nós temos tudo aqui e não compramos adubo nenhum”.

“Os italianos ficaram surpresos com a maneira que a gente planta, colhe e vende a nossa produção artesanal e orgânica. Eles respeitam a Asprocarv, porque zelamos pela saúde dos consumidores”, disse sorrindo.
Ele referia-se a uma viagem feita a cidade de Torino, onde mostrou as técnicas orgâncicas da produção no Careiro da Vázea.

Reportagem: Maria do Carmo Araújo  / Fotos: William Rezende

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