“Depois de 3 anos voltamos a produzir alevinos de pirapitinga”
O Gerente do CTTPA-Balbina,José Mário Baracho de França contou sobre os trabalhos do centro, resultados, desafios e dificuldades que estão enfrentando
Há mais de 29 anos, o Centro de Treinamento, Tecnologia e Produção em Aquicultura de Balbina-CTTPA, um projeto do Governo do Estado/SEPA SEPROR em parceria com a ELETROBRÁS AMAZONAS GT, está presente na vida dos amazonenses, como uma instituição que impulsiona o desenvolvimento da piscicultura no estado, disse o Gerente do CTTPA-Balbina, Engenheiro de Pesca, José Mário Baracho de França.
Em entrevista exclusiva ele destacou: “depois de 03 anos voltamos a produzir alevinos de pirapitinga”, e contou o seguinte:
1- No Centro de Treinamento, Tecnologia e Produção de Aquicultura, que tipo de trabalho vocês fazem?
-Nosso trabalho está focado nas seguintes ações:
- Produção sustentável de Pós-larvas e Alevinos de espécies amazônicas (Tambaqui, Matrinxã e Pirapitinga), peixes nativos para atendimento aos piscicultores de estado.
- Desenvolvimento da Pesquisa cientifica aplicada na piscicultura, mais especificamente na área de Propagação Artificial de Peixes.
- Capacitação para profissionais, estudantes da área, técnicos, extensionistas e produtores rurais piscicultores.
- Sanidade, com acompanhamento sanitário das pisciculturas
situadas na área do entorno ao Centro.
2- Resultados do Centro em 2020?
– No Primeiro trimestre de 2020, depois de 03 anos voltamos a produzira em abril de 2020, alevinos de pirapitinga. Também 5 Pesquisas vem sendo desenvolvidas. Em Produção, totalizam 3.422.000 Pós Larvas produzidas, sendo 3.060.000 Pós Larvas de Tambaqui.152.000 Pós Larvas de Matrinxã (produção aumentou consideravelmente em relação a 2019. Além de 210.000 Pós Larvas Pirapitinga.
3- Em que pesquisas o Centro esta trabalhando atualmente?
-Seguindo as orientações do nosso Secretário de Pesca, Leocy Cutrim da SEPA, a pesquisa foi colocada como uma das prioridades. Atualmente vem sendo desenvolvidas as seguintes pesquisas:
-Uso contínuo de plantel de tambaqui e matrinxã: o aproveitamento máximo de matrizes e reprodutores de espécies Amazônicas. O objetivo desse trabalho é desenvolver tecnologias para o aumento da frequência reprodutiva em tambaqui e matrinxã baseada em sexagem precoce e o uso contínuo do plantel.
-Avaliação da eficiência de hormônios sintéticos na indução reprodutiva de tambaqui. Programa de Pós-Graduação em Ciências Pesqueiras nos Trópicos. O Objetivo principal desse trabalho é verificar a eficiência desses hormônios.
–Seqüenciamento de pool de DNA de machos e fêmeas de Pirapitinga.
-Qualidade ovocitária de tambaquis submetidos a regime de privação alimentar ao longo da estação reprodutiva. Esse trabalho pretende avaliar o impacto do regime alimentar no sucesso reprodutivo do tambaqui, visando a implantação de protocolos de gestão de estações de produção de juvenis.
-Melhoramento Genético do Tambaqui.
- -A produção de peixes no Amazonas é suficiente para suprir o mercado do estado?
-O estado do Amazonas possui cerca de 62 municípios, destes entre 30-40 (48-66%) são atendidos pelo CTTPA-Balbina, a respeito das demandas de Pós Larvas e Alevinos procedentes das Unidades Produtoras de Alevinos, Prefeituras e organizações associativistas rurais.
Também existe cerca de 10 a 15 Laboratórios de Reprodução pertencentes a iniciativa privada, mas atendem as demandas, principalmente da região metropolitana de Manaus.
O estado hoje é autossuficiente. Não tem importado pós larvas ou alevinos das espécies amazônicas cultiváveis nesses últimos anos.
5- Boas práticas de piscicultura do Amazonas que estão sendo adotadas em outros estados?
-Sim. Tivemos alguns intercâmbios tecnológicos com outros estados. Nos últimos anos várias turmas de estudantes e pesquisadores procedentes de vários estados brasileiros, que receberam formação e realizaram pesquisas no CTTPA-Balbina. Consequentemente esses conhecimentos foram repassados e serviram até de modelo para construção de uma Estação de Piscicultura, como foi o caso da Unidade Produtora de Alevinos do Instituto Federal de Roraima, no município de Amajari, em Roraima.
6- De que forma o coronavirus está afetando o funcionamento do centro e suas atividades?
–Para nossa segurança e dos visitantes foram suspensas as capacitações, visitas técnicas e estágios. Foram adotadas as medidas recomendadas pelo Governo do Estado/SEPA/SEPROR de distanciamento no trabalho, higiene e limpeza, rodízios, intensificação do uso do EPIs, máscaras, luvas, botas, protetor facial, uso do álcool gel, lavagem continua das mãos, etc.
Foram mantidas as atividades essenciais, tais como a alimentação dos peixes, os cuidados sanitários dos mesmos, atendimentos das demandas de pós-larvas e alevinos dos produtores, tendo em vista garantir a produção de alimentos.
A comunicação via internet com nosso Secretário Leocy Cutrim e sua Equipe em Manaus tem sido constante. Chegamos a participar de Reunião por meio de vídeo conferência Skype.
Amanhã divulgaremos a segunda parte da entrevista ao Gerente do CTTPA-Balbina, Engenheiro de Pesca, José Mário Baracho de França, confira.
Entrevista: Dulce Maria Rodriguez
Fotos: CTTPA-Balnina