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Produção rural no amazonas: realidade versus perspectivas

A terra significa para os agricultores geração de renda para a família, segurança alimentar, sonho, perspectiva de futuro e esperança. Não há que se falar em desenvolvimento econômico sustentável sem levar em conta os aspectos humanos porque país desenvolvido respeita os direitos humanos

No Amazonas, como em outras regiões mais urbanas do país, há uma concentração muito maior da população na capital e, com esse dado, vem atrelados os problemas decorrentes desse inchaço urbano. Os “novos horizontes” são buscados na região central e metropolitana de Manaus. A visão econômica e política predominante sobre desenvolvimento para o Estado é entendida como sinônimo de geração de emprego e produção industrial. Tendências e novos direcionamentos da economia não se mudam em pouco tempo, mas entende-se que as políticas para o setor urbano e rural precisam ser integradas.

A integração de políticas para o Amazonas não pode se basear em modelos anteriores ou preconizados para outros locais do país. Esse modelo econômico precisa ser singular, até mesmo em razão da posição que o Amazonas ocupa geograficamente, do ambiente físico em si, da cultura local que também é singular e dos reflexos que as ações aqui realizadas tem sobre o continente americano. Os passos para a evolução da sociedade amazonense no aspecto econômico precisam contemplar a autonomia local. O processo de evolução precisa ser consciente e sustentável, tendo como prioridade também valorizar as pessoas, os costumes e saberes da região.

O espaço da agricultura familiar no Amazonas só pode ser entendido considerando alguns elementos chaves que podem determinar sua existência, ou não, no futuro, enquanto categoria social: a estrutura agrária, o ambiente físico e institucional em que ela está envolvida, o limite de uso da terra para o desenvolvimento de agrícolas, a tecnologia que usa e a que poderia ser utilizada, o processo de inovação possível, o papel institucional da categoria enquanto produtora de alimentos para o Estado e, como último elemento, não menos importante que os anteriores, estão as expectativas das famílias em relação ao seu futuro, seu modo de vida e seu bem-estar. As boas políticas públicas, nesse sentido, precisam ser debatidas e não apenas outorgadas. Nesse caso, faz-se necessário um projeto direcionado e implantado pela própria sociedade e não apenas de Governo.

Somado à produção de alimentos, a agricultura familiar agrega outra característica essencial que é a sua capacidade de reter mão-de-obra e gerar novos postos de trabalho no meio rural, numa perspectiva diversa da lógica capitalista do trabalho.

Esta particularidade confere à agricultura familiar uma importância bem grande no desenvolvimento rural e na dinamização das economias locais. As estratégias de vida desses agricultores buscam antes garantir a produção para o autoconsumo e, após isso, é que vendem os excedentes. Esta é a realidade da agricultura indígena e de grande parte dos ribeirinhos.

A inserção desses produtos nos mercados se dá de forma marginal e informal, principalmente através dos mercados locais e, para alguns dos agricultores, o valor das vendas mal cobre os gastos com produtos consumidos na propriedade e que não são produzidos ali. Os produtos da agricultura familiar, provenientes da zona rural do Amazonas, tem uma vazão de tamanho considerável no comércio local.

Mas quem vive dessa atividade enfrenta muitas dificuldades para transportar esses alimentos até as feiras da Capital, onde a comercialização é melhor. Para que o agricultor familiar consiga se manter no mercado cada vez mais competitivo é preciso diversificar as atividades agrícolas e investir em novas tecnologias, porém ainda falta muito incentivo para impulsionar o setor.

A terra significa para esses agricultores geração de renda para a família, segurança alimentar, sonho, perspectiva de futuro e esperança. As críticas aos programas públicos de transferência de renda e de apoio social somente serão válidas quando resolvermos esses problemas.

Não há que se falar em desenvolvimento econômico sustentável sem levar em conta os aspectos humanos porque País desenvolvido respeita os direitos humanos.

Texto Ana Paula Machado Aguiar

Ana Paula Machado Andrade de Aguiar

✔️Amazonense
✔42 anos
✔ Graduada em Direito na Universidade Federal do Amazonas
✔ Possui Pós-Graduação em Direito Público –  Constitucional e Administrativo

✔ CAMPOS DE ATUAÇÃO:
– Advogada;
– Procuradora concursada da Câmara Municipal de Manaus desde 2004;
– Presidente do Mulher Avante Amazonas;
– Idealizadora e Líder do Movimento Viva a Vida 
– Foi Presidente da Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social por 8 anos, de 2011 a 2018;
– Trabalhou por 4 anos, de 2000 a 2004, como Analista Judiciária do Tribunal Regional do Trabalho da 11a Região.

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